quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Cadê aquela infância?


Ontem estava pensando no futuro, não no que quero ser ou ter daqui a 10 anos e sim em como será a vida dos meus filhos. Será que não vai ter carinhos de rolimã, brincadeiras de casinha, pique-pega, pique-esconde, pique-bandeirinha, nem piquenique? Eu não vejo as crianças do meu condomínio falando do monstro do banheiro da escola, e sim trocando “chiaters” de jogos on-line, e, na maioria das vezes, isso nem é feito com todo mundo sentado na calçada e sim por telefone.
Não vejo mais as crianças chamando os avós de senhor ou senhora. Nessa nova ordem que se forma, é difícil ver algum jovenzinho tratando com carinho e educação até mesmo os pais. Isso não é nenhum hormônio na comida, é uma nova tendência, a do individualismo acima de tudo. Alguns pais têm aquela brilhante idéia, dar tudo o que não tiveram quando crianças: roupas, brinquedos, pequenos luxos... mas acabam esquecendo de passar adiante aquilo que lhes foi abundante na infância: carinho, limites, atenção, tempo.
Tempo! Isso talvez seja o mais complicado. Como uma mãe moderna faz para sair do trabalho e resolver uma briguinha de escola? Se ela não for a mulher maravilha, esse tipo de coisa fica em segundo plano. Outra situação, birra acompanhada da clássica frase “Eu quero!”, se gasta muito mais tempo tentando explicar por que não do que passando no caixa e efetuando a compra, por isso, na maioria dos casos, os pais optam pela segunda alternativa.
As próprias crianças também não têm tempo como tínhamos a poucos anos atrás. São pequenos executivos com horários apertados, sendo treinados para um mercado de trabalho competitivo. Escolas em tempo integral! Computador e televisão para preencher os horários sem cursinhos...
Com essa fórmula, o resultado não poderia ser diferente. É batata! As crianças de hoje se tornaram monstrinhos consumistas e individualistas.
Fico sim saudosa dos meus anos de roça, em que eu subia nas árvores e ficava a tarde toda na rua sem nenhuma preocupação. Minha infância aqui na cidade continuou muito feliz mesmo sem o ambiente bucólico do campo. Ninguém morria por não ter celular e brincávamos na rua sem medo nenhum de seqüestros relâmpagos. Era raro sair para ver um filme no cinema e comer “fast foods”, mesmo por que tinha sessão da tarde e as mães faziam pipoca. Íamos sempre a parques, ao zoológico, brincar com os primos e todo mundo se divertia. Ninguém tinha Orkut, mas não perdíamos o contato com os amigos.
Depois de todas essas divagações, fiquei pensando nos pestinhas adoráveis que virão, imaginando como serão meus filhos... Não quero que sejam pequenos gênios, ou que saibam falar quatro idiomas, nem que estejam preparados para o vestibular com 13 anos de idade. Eu quero ter filhos felizes. Também quero aproveitar a infância deles, jogar ludo e adedonha, almoçar junto, acompanhar a realização das lições, ouvir as novidades da escola e tudo o mais. Na verdade eu nem sei se vou ter filhos, mas se tiver, não quero ensinar apenas à competir, quero ensinar como dividir, respeitar o próximo e acima de tudo amar o mundo que existe fora deste universo interior do próprio eu.
Companheirismo, solidariedade, altruísmo, amor, respeito, carinho e outra porção de palavras simplesmente maravilhosas não podem sair do dicionário. Cabe a nós não deixar o que elas representam morrer e passar tudo isso para nossa prole.
Vamos voltar todos à infância!!
Beijos da Kissu!