quinta-feira, 7 de maio de 2009

Luto

Sempre achei a morte algo muito natural. Mesmo tendo perdido algumas pessoas queridas, a maior dor era a da saudade. Talvez essa reação “indiferente” à morte seja por que ela nunca tinha passado tão perto de mim. Eu lembro quando o primeiro ente querido morreu e eu já conseguia compreender, foi minha bisavó, só que eu não entendia bem o que era aquilo tudo, mas chorei, pois sabia que não a teria mais por perto. Quando foi a vez do meu bisavô e xará, vô Calu, de Carolino, eu pensei que aquilo tudo fosse conseqüência natural da velhice, pois tinha sido assim com minha bisa também. Desde então nunca mais chorei diante dela, a tão temida morte.
Mas quando a morte leva alguém que é uma parte de você, alguém que te deu vida, aí sim, a gente sente, e sente fundo, como se um pedaço de você morresse junto. Mesmo com todos os caminhos opostos, tanta distância e desencontros, a gente sente muito e vem uma dor tão cortante e profunda, e não sabemos nem como agir.
Assim me sinto agora, ferida, abatida, triste. E depois da dúvida de que não existiam mais lágrimas, elas vieram, e foram muitas, e penso que virão muitas outras, até a dor se afogar num rio de silenciosas lágrimas, aquelas que vêm de dentro da alma e não dos olhos.
Hoje perdi uma parte de mim, e assino não como Kissú, mas do jeito que o senhor me disse que queria que eu assinasse. Hoje sou Caroline Lopes Durce Martinoff, e de algum jeito sempre serei.

2 comentários:

  1. Martinoff? Que bela herança, Caluzinha! Que belo nome, que belo texto. Que linda homenagem. Queria escrever como você. Te amo, amiga!

    ResponderExcluir
  2. Ninguém morre, enquanto vive no coração de quem ama.

    Ele sempre estará vivo em sua lembranças e no pensamento.
    A dor sempre nos fortalece.

    Estarei com você, mesmo distante de ti.

    ResponderExcluir