segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Contando um conto....

A partir de hoje postarei um conto, cada dia da semana uma parte. É uma história inspirada em Allan Poe e Clive Barker, portanto bem diferente do que normalmente escrevo aqui.
Tudo culpa do Fernando, meu querido amigo a quem devo um café, prometi publicar aqui o conto e estou cumprindo. Tenho também que agradecer o incentivo e a revisão do texto. Sem ele essa história ainda estaria muito mal escrita ainda em inglês.
O conto foi traduzido, ampliado e revisado e a partir de hoje postarei aqui um pedacinho todas as manhãs. Espero que gostem, sem mais demoras eu apresento:




Flor Amarela
(Parte I)

A minha infância foi bem tranqüila, porém muito solitária. Tinha uma família financeiramente estável, meus pais ainda eram casados naquela época, cada um preocupado demais com sua própria vida para abalar aquela perfeita estrutura familiar. Eu era o mais novo de três irmãos, e também o mais negligenciado, o que menos recebia atenção. Não culpo meus pais, nem meus irmãos, entendo perfeitamente que cada um deles tinha seus próprios problemas, não podiam parar suas vidas por minha causa.
Meus pais eram bem-sucedidos profissionalmente e éramos crianças estudiosas. Minha irmã mais velha já estava na faculdade, estudava arquitetura, o do meio fazia aulas de línguas e tinha um grande gosto por música. Nessa época eu tinha mais ou menos uns dez anos. Éramos o que se poderia chamar de família perfeita de plástico.
Por ser o mais novo eu era o mais largado, ninguém tinha muito tempo para mim, o que me conferia uma maior liberdade. Meus pais mal nos viam, se dedicavam quase que integralmente a seus respectivos trabalhos e meus irmãos estavam sempre muito ocupados com suas atividades. Não sei se gostava disso ou não, mas eu podia ler, sair, fazer o que eu bem entendesse, porém preferia não fazer muitas coisas além do normal.
Eu passava muito tempo só, não gostava de brincar com outras crianças. Não era tímido, só não gostava de brincar, achava as outras crianças bobas. Para acalmar a febre da minha solidão costumava pegar minha bicicleta e ir ao parque onde me deitava na grama fresca para esquecer o que me afligia. Eu passava horas deitado sob as árvores, quando era primavera fechava os olhos por um instante e quando tornava a abri-los minha mente estava pura para contemplar a beleza das árvores floridas. As flores amarelas eram as minhas favoritas. Tudo aquilo tranqüilizava minha alma e me fazia esquecer a solidão.
Toda estabilidade da minha vida acabou no ano que completei 14. Primeiro minha irmã mais velha saiu de casa, pois ganhou um apartamento do papai, e isso foi motivo para o início das brigas entre ele e minha mãe. Depois o do meio foi aprovado em Música numa faculdade em outro estado. Ele não pensou duas vezes antes de arrumar as malas e se ver livre do que já virara rotina: as discussões intermináveis de nossos pais. Sofri um acidente horrível de bicicleta, quebrei um dente e meu braço esquerdo, além de levar cinco pontos no queixo. Esses e outros eventos criaram uma grande tensão entre eles e o convívio em minha casa se tornou insuportável até que por fim se separaram. Mamãe e eu fomos para uma nova casa, papai ficou com a antiga. Tive que mudar de escola e esse foi o maior agente da transformação que aconteceu em minha vida.
Continua...

2 comentários:

  1. Também tenho um conto...

    q não conto!!!!


    : )

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  2. Que belo :)

    Acho que você deveria continuar escrevendo sempre e sempre!

    Beijos!!!!!!!!!!

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